Acho que uma das coisas mais chatas quando estamos desenvolvendo um sistema comercial de grande porte é termos que nos preocupar em escrever lógica de serviço de infra estrutura (Leia-se LOG, Conexão com Banco de dados, Cache, etc) e de nos preocupar com aspectos do desenvolvimento que são repetitivos e genéricos.
Esse tipo de preocupação, além de provavelmente não fazer parte do negócio para o qual estamos desenvolvendo o sistema, na maioria das vezes não agrega valor ao nosso sistema e é uma tarefa repetitiva ao longo do desenvolvimento, o que pode ser um esforço mal direcionado.
Pensando em resolver esses problemas, diversas empresas desenvolveram o que chamamos de Frameworks, que seriam “plataformas” de desenvolvimento que já implementam toda essa lógica repetitiva que não gostamos de implementar! Cada fabricante e cada Framework é focada em um determinado conjunto de regras de infra estrutura que resolve uma quantidade de detalhes de implementação.
Meu objetivo aqui é falar sobre a Plataforma Java Enterprise da Sun, que é um conjunto de especificação de frameworks que podem ser utilizadas juntas (ou não) para facilitar o desenvolvimento de nossos softwares coorporativos.
Especificação? Sim!
A Sun, em conjunto com o JCP (Java Community Process) desenvolve as especificações para a plataforma JEE (Java Enterprise Edition), e essa especificação é “aberta”, portanto qualquer empresa que se interesse pode desenvovler seus produtos (OpenSource ou não) seguindo essa especificação criada pelo JCP. Isso garante a portabilidade das aplicações desenvolvidas para a plataforma Java Enterprise. Então, você pode criar seu software de “locadora de videos” baseado em uma plataforma JEE e escolher de quem você vai comprar o servidor de aplicação, tendo a “certeza” de que sua aplicação vai ser portável entre os servidores.
Poxa, quer dizer então que a Sun não desenvolve a plataforma JEE?
Na verdade a Sun inventa a plataforma (em conjunto com o JCP) e atualmente ela tem liberado uma “implementação de referência” para cada especificação criada. Antigamente, quando a Sun lançou a JPE (Java Plataform for Enterprise, a predecessora da J2EE que é predecessora da JEE) em Abril de 1997, ela apenas produzia a especificação. No entanto, não existia uma maneira sólida de testar se os produtos criados por outros vendedores (ex. Oracle, BEA, etc) seguiam a especificação “à risca”.
Atualmente, quando sai uma especificação nova de alguma tecnologia que faz parte da JEE (discutirei essas tecnologias mais a fundo nos próximos posts) a Sun lança uma “implementação de referência”, que é um software implementando todas as funcionalidades que a especificação tras. Resumindo, se você desenvolver um software usando uma das tecnologias JEE e ele funcionar na implementação de referência, ele deve funcionar em um servidor comercial, se não funcionar é porque o vendedor daquele produto não está seguindo a especificação.
Outro problema que a JPE enfrentou foi a não sincronia das tecnologias especificadas.
Como assim?
Bom, a JPE inicialmente trazia a especificação para as seguintes tecnologias:
- EJB – Enterprise Java beans
- Servlet – Geradores de páginas HTML
- JNDI – Java Namming Directory
- (outras mais)
Imagine que, a equipe que desenvolveu a especificação do JNDI comece aprimorar essa especificação e criam um serviço de nomes muito mais estável e robusto, enquanto o pessoal que é responsável pelo EJB vai tirar ferias e esquece de pensar em melhorar a especificação. Qual seria o resultado? Teriamos uma especificação JNDI que poderia se tornar imcompatível com EJB. Uma outra plataforma que sofreu com problemas semelhantes foi a plataforma Eclipse. Antes do lançamento do projeto Europa, os plugins do eclipse evoluiam separadamente, e como existe muita dependência entre os plugins, eles acabavam se tornando imcompatíveis.
Atualmente, para cada distribuição do eclipse, é feito um controle dos plugins disponíveis para garantir essa compatibilidade e evitar muita dor de cabeça ao usuário. A Sun tomou essa mesma postura, e a partir da especificação J2EE já implementou um controle de versão e sincronia das tecnologias que fazem parte da plataforma Java Enterprise.
A plataforma JEE é uma plataforma que já tem 11 anos de história, e 11 anos de evolução contínua. Cabe lembrar que ela também não é proprietária, ou seja, não é a Sun que inventa as especificações ao seu “bel prazer”, existe um “consórcio” de empresas (o JCP) que decidem juntos as especificações, e disponibilizam essas especificações para quem quizer desenvolver.
Isso traz uma garantia para o desenvolvedor de que ele não vai ficar na “mão” de um único fabricante, nem amarrado a um software específico (ou seja, se o servidor de aplicação da oracle for muito caro, voce pode comprar o da RedHat, ou usar a “implementação de referência” da Sun, que é gratis e open source), o que pode ser uma grande vantagem para os “executivos” das empresas que escolhem adotar o Java como tecnologia de desenvolvimento. Para o Desenvolvedor a vantagem é enorme, já que ele tem uma plataforma padronizada e não precisa ficar se preocupando de quem a empresa vai comprar os servidores, além de ja poder usar um kit de ferramentas que implementam a maior parte da lógica de infra estrutura, ou seja, podem se focar apenas nos pontos importantes do software que estão desenvolvendo!
Nos próximos posts iniciarei uma discussão sobre a plataforma JEE atual, falando de uma maneira mais técnica sobre cada uma de suas tecnologias.
Abraços e até lá!
Giuliano Bortolassi
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